

“Você não tem coragem de fazer isso” Sempre senti que não pe..
Added 2021-06-30 19:59:11 +0000 UTC“Você não tem coragem de fazer isso” Sempre senti que não pertencia a lugar nenhum e que estava o tempo todo assistindo a vida, participando às vezes, mas em muitos papéis figurantes como se tudo fosse um filme. Até entrar em uma boate e perceber que posso ser a personagem principal como eu mesma ou sendo quem eu quiser. Eu não fugi de casa, também não fui morar num pardieiro explorador de meninas, pois pesquisei bem antes de entrar nessa. Tinha 23 anos, cursava biblioteconomia na FESPSP (Centro) pela manhã e trabalhava das 14h às 22h em uma biblioteca universitária, na zona sul de São Paulo. Morava sozinha no apartamento da minha família, estava solteira a algum tempo, de coração partido, mas curtindo conhecer pessoas no tinder, enfim eu vivia o que as pessoas consideravam normal, ou vida baunilha. Exceto pela parte que estava crescendo no twitter por postar foto seminua. Para vocês entenderem como escolhi viver na noite, preciso voltar bem mais na minha história, entre os 7 a 10 anos de idade (aproximadamente) fui abusada sexualmente por outras crianças só que não fiquei traumatizada da forma que outras pessoas ficariam. Um psiquiatra ou uma feminista poderia explicar melhor o que aconteceu, mas em resumo, sou levemente viciada em sexo sem um pingo de inteligência emocional. Antes de perder oficialmente a virgindade já tinha dado muitos amassos por ai, geralmente com garotos mais velhos, amigos de amigos fora da escola, dentro dela ninguém se interessava por mim e nem eu por eles. Meu primeiro relacionamento sério, de viajar juntos, conhecer família etc, foi aos 20 anos. Não era um relacionamento muito saudável, a maior prova disso foi ele reclamar para os amigos que a gente transava demais. Olhando em retrospecto todos meus relacionamentos tinha como fator principal o sexo, o que me causava muitos problemas de convivência. No geral quando uma mulher quer ver um cara de novo, os homens acham que ela está apaixonada, certo? Certo! Só que quando eu queria ver um cara de novo era só pelo sexo, mas não sabia explicar que era só isso, era o que as pessoas consideram uma vadia e amava isso, porém tinha medo de admitir. Enganei-me muitas vezes confundindo excitação com amor, iludi pessoas fingindo que estava apaixonada só para continuar transando com ela. Nunca tive problema para tirar a roupa, agora sentimentos e mostrar quem eu era de verdade eram outra história. Poderia escrever uns três livros à parte só com as minhas presepadas pra conseguir transar antes de virar garota de programa. Quando aprendi a deixar as coisas bem claras foi sensacional. Aprendi talvez não seja o termo correto, não lembro o que aconteceu, foi como apertar um interruptor dentro de mim e de repente não me importava mais com a moral e com o que pensariam de mim. Certa vez passei a semana inteira dormindo em motéis ou na casa de pessoas que conheci no tinder e usando roupas emprestadas da minha amiga, pois não tinha tempo de ir pra casa me trocar. Também comecei a ficar com um cara na faculdade que basicamente a gente só conversava para marcar de transar no banheiro de deficientes no intervalo da aula ou jogar League of Legends quando eu chegasse do trabalho. Como nada era suficiente ainda tinha um amigo de muitos anos que eu ficava quando não tinha opção. Cheguei a orquestrar transar com 3 contatinhos em um único dia, deu mais que certo e me orgulho disso, como muito homem se orgulha de fazer isso também. Nem Barney Stinson tinha um currículo melhor do que o meu. Não tinha mais problemas com homens me ignorando achando que tava apaixonada, eles é quem não me deixavam em paz. Emocionalmente aleijada porem feliz. Até que me deparei com uma nova situação, me apaixonei a primeira vista ou foi tesão à primeira vista, só sei que transamos no mato atrás do balcão de cerveja, durante uma festa da USP, embaixo de um telão que passava um filme pornô de Smurff. Mesmo deixando claro que só queria sexo, esse homem fazia questão de querer saber tudo sobre mim, criar uma conexão antes de ficar pelado. Quis morrer outra vez que nos encontramos e ele ficou uma hora perguntando da minha vida antes de me dar um beijo na boca, então o tesão realmente estava virando paixão, grande burrice porque no final das contas foi só um jogo, quando disse que gostava dele, ele disse de uma forma muito educada, delicada e bonita que eu só servia pra sexo. Desnecessário né? Até hoje estou inconformada com isso. Então descobri o mundo dos “nudes” no twitter, foi ai que comecei a adorar ter atenção de tantos homens ao mesmo tempo e criar fotografias com jogos de sombra que deixavam meu sexo escondido, logo eles ficavam mais e mais curiosos. Comecei a ter contato com garotas de programa que usavam e usam o site até hoje para conseguir clientes, contar histórias e exibir lucros. Não sei dizer em que momento a semente foi plantada, se surgiu em mim ou foi influencia de alguma coisa que eu li, só sei que a idéia de ser paga para transar acendeu dentro da minha cabeça como um palito de fósforo. Comecei a ler e pesquisar todas as histórias, entrevistas, filmes, tudo sobre o mundo da prostituição e de uma luzinha minúscula, essa ideia virou um facho de luz desses de show que você enxerga a distancia. “Eu transo com um monte de babaca diferente de graça, porque não ganhar por isso né?” foi assim que o assunto começou entre C., minha colega-amiga do trabalho na biblioteca. Ela, também calejada de decepção amorosa-sexual, ia concordando com empolgação, nós passamos cerca de 2 semanas discutindo as possibilidades, lucros, criando fantasias sobre clientes. A empolgação foi tanta que um dia ela levou um desses jornais amarelinho para o trabalho. Quando não tinha outros funcionários por perto, ela me mostrou as casas que estava interessadas em conhecer, nós mandamos mensagens para os recrutadores, pegamos informações, então uma olha pra cara da outra e começa: “Você vai mesmo? Acho que não tem coragem.” “Acho que VOCÊ, é que não tem coragem.” “Tenho sim” Ficamos horas nisso até que batemos o martelo e decidimos conhecer uma boate na zona oeste. Não queríamos correr o risco de encontrar alguém conhecido por isso tinha que ser um lugar longe. Trabalhar na rua também nunca foi uma opção, pois somos duas bundonas. Após o expediente na biblioteca, com o coração na boca de medo e excitação, fomos para a tal boate. Era o que hoje em dia eu chamo de pulgueiro, 20 reais para entrar e ainda tinha cerveja e churrasquinho. Não preciso descrever o lugar porque se você já jogou GTA V você já viu esse lugar, a boate é idêntica à boate que tem no jogo. O palco espelhado, os postes de poledance, as mesas de sinuca, tudo muito parecido com o puteiro do jogo, exceto pela churrasqueira na área de fumantes e o andar com quartos e vestiários das garotas. Não lembro o valor exato, mas era algo do tipo 70 ou 80 reais por meia hora e a casa ficava com 20%. Também tem a possibilidade de fazer dinheiro bebendo, dependendo do drink que o cliente pagou para uma menina ela ganha de 5 a 15 reais. Nós fizemos amizade, no fim da noite, com uma pinguça que ganhou mil reais numa noite sendo 600 só por conta das bebidas. Como havíamos mandado mensagem, o gerente da boate foi nos buscar no metrô Butantã e no caminho foi explicando as regras da casa, situação de moradia, jantar, benefícios, regras de convivência, valores para atender fora. Para duas iniciantes parecia ótimo, até a gente chegar lá e a mulherada começar a virar a cara pelo nosso estilo. Vestimo-nos como quem vai para uma balada, a boa e velha combinação de salto e vestido colado, já nossas novas amigas pareciam de tinha escolhido a roupa num saldão do Brás dentro de uma prova na banheira do Gugu, elas trabalhavam de qualquer forma porque a maior parte dos freqüentadores era do tipo que só queria um buraco então não tinha porque elas se produzir muito. Fez sentido pra mim e logo aí caiu minha ficha que a gente não ia voltar no dia seguinte. No salão fomos orientadas a puxar conversa com os homens que estivessem sozinhos, como uma boa teimosa: fiz do meu jeito. Fiquei um bom tempo circulando por todas as áreas observando as pessoas, minha amiga por ser muito bonita e chamar atenção, não precisou circular muito e já foi chamada por um cliente. Fiquei um pouco assustada de ficar sozinha e acho que deu pra ler isso na minha cara, pois um cliente começou a falar comigo, esse cliente foi o primeiro sinal de um fato que descobri depois ser muito lucrativo: japoneses adoram loiras e magras com cara de inocente. E homens são muito atraídos por coisas fora do padrão. Ele começou a falar comigo sobre o que eu estava fazendo ali, foi isso que o chamou a atenção. Nada em mim combinava com o ambiente. Não vou mentir fingindo que me lembro de todos os detalhes até porque bebi umas coisinhas. O que eu lembro é que ele foi super gentil, agradável e me atraiu fisicamente. Ele tinha 40 e poucos anos, proprietário de uma empresa de design, divorciado e se não me engano com 2 filhos da minha idade na época, vestia-se de forma simples como quem vai na esquina comprar cigarro. A casa era um pulgueiro, mas bem freqüentada, clientela era diversificada entre proletariado, classe média que se acha alta e rico fingindo ser pobre. Com o tempo aprendi a ver a diferença de longe entre quem tem dinheiro de verdade, quem não tem e quem finge que tem. A transição da conversa no bar para o quarto fluiu tranquilamente, como quando você conhece alguém na balada e vai para o motel depois, com a diferença que a camareira te dá uma ficha colorida para receber seu dinheiro no final do expediente. Fiquei com ele no quarto uma hora e meia alternando entre sexo e conversar. Era um ambiente horrível, brega e apertado, porém o quarto e o mini banheiro extremamente limpo. Não fosse pelo som alto e as pessoas gemendo nos outros quartos, poderia facilmente esquecer que tipo de lugar era ali. CONTINUA *****